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O que esperar dos RH em 2021?

5 tendências-chave que todas as chefias de Recursos Humanos devem incluir nas suas estratégias para um maior bem-estar dos seus colaboradores. Por Inês Pinto, HR Business Partner da Glintt.

Dizer que os departamentos de Recursos Humanos passaram por algumas mudanças em 2020 é de certa forma um eufemismo. Este passou por um processo de transformação totalmente radical, impulsionado pela Covid-19, mas que o modificou e transformou em algo melhor e mais eficiente para satisfazer as novas exigências da força de trabalho.

Esta pandemia tornou-se, assim, um dos maiores aceleradores para a transformação do local de trabalho e, consequentemente, das nossas vidas. Esta pandemia afetou a forma como trabalhamos, aprendemos, e, até mesmo, como compramos ou comunicamos. É um facto que esta forçou a alteração dos modelos de trabalho que, sem ela, muito provavelmente levaria anos, senão décadas, para acontecer, nomeadamente: trabalhar remotamente, repensar as viagens de negócios, bem como passar as aulas com personal trainers do presencial para o virtual, por exemplo.

Desta forma, à medida que avançamos para 2021, percebemos que o modo como trabalhamos, onde trabalhamos e as tecnologias que usamos para nos mantermos em contacto com as nossas equipas, clientes e parceiros, inevitavelmente, mudarão para sempre. The New Normal of Work tornou-se o Next Normal: trabalhar remotamente, aprender e colaborar online, tendo sempre em vista a resiliência e a inclusão no local de trabalho.

Neste sentido, partilho abaixo as principais tendências que todas as chefias de RH devem incluir nas suas estratégias:


1. Maior preocupação com o bem-estar dos colaboradores

Se, antes da pandemia, se defendia que o que proporcionava uma grande experiência ao colaborador era as empresas terem mesas de matraquilhos, fruta e café, por exemplo, tudo mudou em 2020. Com o confinamento e a obrigação de as pessoas terem de estar isoladas, o enfoque no bem-estar físico e mental dos colaboradores passou a ser uma das principais preocupações das empresas, uma vez que começaram a notar alguns picos de stress, como o não conseguir fazer a separação entre o trabalho e a casa, o que, consequentemente, proporcionava cargas de trabalho ingeríveis. Posto isto, os departamentos de RH devem incluir nas suas estratégias programas de formação, acompanhamento físico e psicológico, para combater qualquer vestígio de exaustão laboral ou burnout.

É essencial colocar o foco no colaborador, fazer perguntas sobre as suas expectativas de carreira e aspirações para o futuro. É preciso que as pessoas sejam felizes na sua atividade profissional (seja no local de trabalho ou em casa), que se sintam bem quando entram na empresa ou quando atendem a vigésima videochamada. E para isso devem ser criados espaços de convívio, mas também de trabalho, que sejam diferentes e que não passem apenas por uma secretária e uma cadeira. Estes espaços podem ter baloiços, puffs ou mesmos outros materiais que permitam ao colaborador “sair” do contexto do trabalho, continuando dentro da empresa.

Agora, perante a nova realidade, há uma necessidade maior de aumentar a comunicação interna, tornando-a mais eficaz, e de um acompanhamento mais incisivo às equipas. As exigências aumentam porque vivemos tempos difíceis, mas também aumenta a criatividade, a compreensão, o espírito de equipa e a resiliência!

Assim, todas as empresas devem trabalhar na motivação e prevenção de problemas ligados à saúde de várias formas, promovendo diversos programas que disponibilizam aos seus colaboradores, tais como:

  • Programa de apoio ao colaborador e familiares diretos – visa ajudar os colaboradores e os seus familiares em três pilares: financeiro, psicológico e jurídico – linha aberta com um parceiro externo, assegurando a confidencialidade das situações; e workshops sobre diversos temas como “Work-Life Balance”, “Finantial Wellness”; “Stress Bom vs Stress Mau”;
  • Bom ambiente e a proximidade das pessoas através de team building, convívios e eventos internos, tudo iniciativas online;
  • Disponibilidade para ouvir os colaboradores, tanto por parte das chefias como Recursos Humanos, ou mesmo da administração;
  • Programa de saúde e bem-estar constituído por consultas de avaliação física, em que se promove uma alimentação saudável e a prática de exercício físico ou a pausa ativa – também online, com momentos de alongamento e descontração durante o dia de trabalho.

2. A aposta nos escritórios híbridos

A Covid-19 não fará desaparecer os escritórios físicos, mas sem dúvida que serão alterados para sempre. De acordo com um estudo sobre Trabalho Remoto da PwC, 73% dos colaboradores indicam que pretendem trabalhar remotamente pelo menos dois dias por semana, mesmo após a Covid-19. Da mesma forma, 55% dos CEO dizem estar preparados para expandir o trabalho remoto ao longo de 2021.

Perante este contexto, assistiremos ao longo deste ano ao surgimento do conceito escritórios híbridos, que combinam um equilíbrio entre a sede corporativa e os home offices para que os colaboradores possam decidir onde trabalhar, com base na atividade que estão a desenvolver, uma vez que a produtividade e o empenho nunca ficaram aquém do esperado.


3. Maior foco na cultura empresarial

Embora consideremos que esta nova forma de trabalhar é igualmente eficiente, o maior desafio que sentimos está relacionado com a cultura da empresa. Difundir e fortalecer a cultura passa muito por vivê-la, e é um desafio fazê-lo remotamente, tanto na integração de um novo colaborador, como para os colaboradores que já fazem parte da empresa há mais tempo.

Atualmente, algumas das preocupações das empresas passam por reforçar a comunicação interna (que ganha ainda mais importância quando estamos “longe”) ou criar mais ações onde seja possível a interação entre pessoas, como team building, mas sem esquecer as boas-práticas, como, por exemplo, o onboarding exigir um período mínimo de presença na empresa. Este processo requer muito das lideranças, mas também dos Recursos Humanos, que terão de se adaptar bastante aos processos para dar resposta a esta nova realidade.

Na adversidade, o ser humano adapta-se e mostra que tudo é possível! Penso que, quanto a este tema, trata-se de voltar aos aspetos mais fundamentais da nossa humanidade partilhada, e isso é preocupar-se com as pessoas e colocá-las em primeiro lugar.​


4. Proporcionar experiências aos colaboradores

À medida que trabalhar em casa se torna o normal, a ​experiência do colaborador é mais importante do que nunca, e as empresas devem analisar os aspetos físicos, culturais e tecnológicos que defendem, de forma a se adaptarem.

Várias são as empresas que estão a alargar os benefícios de bem-estar aos familiares dos seus colaboradores, nomeadamente na criação de programas de apoio ao colaborador, extensível ao agregado familiar. Por outro lado, também é essencial criar uma diversificação das atividades no âmbito do programa de bem-estar, uma vez que o work-life balance pode ser afetado por estarmos permanentemente à frente do computador. Assim, várias são as possibilidades que as empresas podem oferecer aos seus colaboradores, como terem, ao longo do dia, atividades físicas, yoga, alongamentos, entre outros; e proporcionar um momento específico para que os colaboradores exponham dúvidas, anseios e sugestões com a equipa de Recursos Humanos. Em suma, é importante criar uma série de iniciativas, que permitam às pessoas sentirem que a empresa está ao seu lado e que juntos enfrentaremos este desafio.


5. Maior enfoque na diversidade, equidade, inclusão

A diversidade, equidade e inclusão tornar-se-ão uma tendência maior nos próximos meses. O coronavírus colocou um novo enfoque sobre estes conceitos, à medida que a importância do papel social das empresas tem crescido. O mundo está a mudar e os profissionais de RH terão de apoiar as mudanças positivas e as não tão positivas que estão a ocorrer. Apesar destes temas não serem novos, a sua importância para a sociedade está a fazer com que as empresas tenham de criar novas estratégias que passem por apoiar e lutar por uma maior diversidade, equidade e inclusão. De acordo com um estudo da McKinsey, as empresas mais diversificadas têm maior probabilidade de superar os seus concorrentes.

Ninguém pensou que alguma vez fossemos viver esta realidade, e não me parece que o antigo “normal” regresse. Estamos todos numa fase de aprendizagem em que temos de ser, mais do que nunca, capazes de prosseguir perante os piores cenários. Temos espírito de missão, conseguimos fazer uma gestão assertiva e adequada das nossas pessoas e dos nossos recursos, mantendo o espaço de manobra para inovar, sendo que a inovação tecnológica vai ser fundamental para conseguirmos sair desta crise sanitária, económica e social.


Fonte: RH Magazine