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Transformação Digital e Tecnologias Exponenciais

Na senda do Year Million, da transformação dos negócios, da sociedade e de nós próprios | Fonte: in Vida Económica

Artigo escrito por Alexandre Basto Costa, Responsável dos Mercados Telco, Utilities, Industry and Services da Glintt

​Imagine que uma adolescente morre num acidente de automóvel, segundos depois chegam os primeiros socorros, um robot voador entra em contacto imediato com a mãe ou o pai, perguntando se quer efetuar uma cópia das memórias da filha. A mãe diz que sim. No dia seguinte um humanoide, cópia igual à filha, entra em casa dos pais, chocando ambos com a parecença e experiência sensorial demonstrada pela adolescente que se confunde totalmente com a verdadeira falecida filha.

Estamos em 2100, fábricas e carros voadores totalmente autónomos, uma realidade aumentada e virtual incompreensível para os padrões tecnológicos de hoje com uma imersão total de todos os sentidos humanos, imortalidade conquistada, inteligência artificial tão inteligente que está no patamar da singularidade. Ficou preocupado(a)?

​A transformação digital, conceito hoje em voga, de novo tem muito pouco. Desde o advento da computação que o mundo digital começou a dar os seus primeiros verdadeiros passos, tendo tido um impulso com o advento da Internet. A primeira vaga da digitalização dos negócios começou nos anos 90, prolongando-se pelo início do século XXI com a colocação de alguns produtos e serviços online em que os atuais e potenciais clientes podiam aderir ou mudar alguns produtos e serviços de modo digital, sendo depois trabalhados em backoffice.
A Banca já permite efetuar há alguns anos - com o Online Banking - operações bancárias online, tendo o cliente a facilidade de efetuar por si próprio estas operações, sem necessitar de interação humana com o Banco. Os ISP e agora os provedores da Cloud permitem, em sistema self service, que os seus clientes façam uma gestão totalmente online das suas necessidades de IT na cloud.
Os negócios de hoje e dos próximos anos vão transformar grande parte da cadeia de valor, seja na Indústria: com a Indústria 4.0; como nos serviços: com a automatização, robotização, interoperabilidade, uso de sistemas inteligentes de assistência técnica, decisão descentralizada e troca de informação nas tecnologias de produção de bens e serviços. Os principais domínios de atividade e as tecnologias emergentes que irão suportar a 4ª Revolução estão nas TIC, na inteligência artificial, na robótica, na Internet das Coisas (IoT), no Big Data, na impressão 3D, no blockchain, na automatização dos veículos automóveis, na agricultura de precisão, na nanotecnologia, na engenharia genética e na biologia sintética.

O sucesso das organizações
A Transformação Digital na sua vertente máxima de inovação digital, porque hoje em dia não basta transformar há que inovar, é fator decisivo para o sucesso atual das empresas. Segundo Peter Diamandis, as inovações digitais passam por o que ele refere como os 6D: Digitalização, Deceção, Disrupção, Desmonetização, Desmaterialização e Democratização.
Já percebemos que a transformação digital está a atingir as fundações das grandes organizações, pondo à prova modelos de negócio estáveis há décadas. Mas, a que velocidade realmente a transformação digital está a ocorrer? Irá afetar o futuro da humanidade?

O Futuro da transformação digital
Ray Kurzweil, autor da lei ou teoria das mudanças aceleradas, mostra que a história da tecnologia muda exponencialmente ao contrário da mais comum visão linear, ou seja, segundo Kurzweil, o século XXI em termos tecnológicos não representará os 100 anos lineares de tempo vivido, mas sim talvez 20 mil anos de progresso à taxa atual. Por exemplo, o resultado da velocidade, a preços controlados, dos chips ocorre exponencialmente, sendo este o crescimento logarítmico nos próximos anos. Este desiderato irá levar, dentro de alguns anos ou até mesmo décadas, à singularidade em que a inteligência artificial irá passar a inteligência humana, implicando um novo paradigma na história da humanidade.
Vejamos alguns exemplos: A Televisão, no século XX, levou décadas a chegar a casa de milhões de pessoas em todo o mundo; a Televisão por Cabo demorou 20 anos a chegar à maioria das casas, em todo o mundo; a Internet demorou 15 anos a chegar a casa de muitos milhões. Já o telemóvel demorou menos de uma década…

Relembrando o primeiro paragrafo deste texto: a História reporta-se no futuro em 2100 ou em 2050? Não sabemos, mas uma coisa é certa: os fundamentos do planeamento, e voltando para a esfera empresarial, já nada têm a ver com planos a 5 e 10 anos que aprendi na faculdade como as melhores práticas de gestão. Ainda no encontro da APDC deste ano, uma grande empresa de Telecomunicações disse que não consegue planear a 5 anos, seja produto, posicionamento, ou saber qual a concorrência que irá enfrentar. O professor Ralf Stacey, em 1994, escreveu o livro “A Gestão do Caos – Estratégias Dinâmicas de negócio num mundo imprevisível”. Nesse livro já falava em transformação, nomeadamente de processos de negócio, cadeia de valor, entre outros temas, em que os sistemas de informação têm um papel central no aumento da imprevisibilidade e no aumento da do risco associados aos negócios.
Para terminar, este mundo novo que começamos agora a presenciar faz-me lembrar o primeiro filme da triologia Matrix: quando o Keanu Reeves está num dilema “vou tomar o comprimido de cor verde ou vermelha?”, tomou o vermelho… “Welcome to the real world”, retorquiu Laurence Fishburne.

Referências:
Peter Diamiandis – 6D Of Exponential Grow
Jeremy Rifkin – The Zero Cost Margin Society
Ray Kurzweil – Law of Accelerating Returns
Ralf Stacey – Managing Chaos – Dynamic Business Strategies in an unpredictable world
Keanu Reeves – Ator de cinema
Laurence Fisburne – Ator de cinema