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Glintt cria incubadora nacional para a área da saúde digital. Mas quer dar-lhe sangue ibérico

A Glintt vai transformar o seu polo de inovação na área da saúde, o Glintt Inov, numa plataforma de inovação aberta.

​​A multinacional de tecnologia e consultoria abre assim esta plataforma - que acompanha ideias de negócio em fase de projeto, incentiva a partilha com outras entidades e ajuda a diversificar as fontes de financiamento, mas até agora destinada apenas aos trabalhadores da Glintt – a clientes e parceiros.

Estes podem candidatar-se e apresentar ideias na área de Saúde Digital (ou, em inglês, Digital Health, que passa por facilitar o acesso a cuidados de saúde através de plataformas digitais).

A Glintt - que em 2019 investiu cerca de 3,5 milhões de euros em projetos de inovação, cofinanciados pelo Estado - vai apostar ainda na criação de um programa de incubação especializado nesta área, com mentoria a empreendedores que queiram lançar as suas startups mas que não tenham acesso a espaço próprio, financiamento, apoios de marketing ou tecnologia.

“Queremos ajudar as empresas que se encontrem a desenvolver, validar ou comercializar projetos na área do Digital Health a terem acesso ao contexto e mentalidade certos sobre o futuro da saúde”, explica ao Expresso Hugo Maia, diretor da Glintt Inov. “Acreditamos que a melhoria na prestação dos cuidados de saúde passa por uma maior disponibilidade e interoperabilidade das diferentes ferramentas que hoje são colocadas ao dispor dos profissionais de saúde - e a sua ligação com outras que estão nas mãos das pessoas ou dos seus cuidadores informais.”

A incubadora da Glintt Inov quer dar continuidade ao trabalho desenvolvido até agora, mas com um novo alcance, passando a incluir startups e pequenas e médias empresas (PME) que operem no cruzamento entre a saúde e a tecnologia - e que desenvolvam soluções para melhorar a jornada do consumidor quando recorre ao sistema de saúde, público ou privado.

O programa de incubação começa em Portugal, mas o objetivo é ser alargado ao país vizinho. “De acordo com a nossa influência empresarial, queremos alargar a nossa área de abrangência também a Espanha e por isso referimos que a nossa incubadora é uma incubadora ibérica para a área do Digital Health”, adianta Hugo Maia.

Com atualmente cinco pessoas exclusivamente dedicadas à plataforma de inovação da multinacional (e um painel de consultores que conta com nomes como o presidente executivo da Glintt, Nuno Vasco Lopes, o diretor-executivo da COTEC, Jorge Portugal, ou a vice-presidente da Associação Nacional das Farmácias, Cristina Gaspar), o objetivo é alargar a equipa ainda este ano. A empresa, no entanto, não especifica com quantas pessoas ficará o Glintt Inov.

Acesso a um Ecossistema de Saúde

​As novidades inserem-se na estratégia de inovação aberta da empresa, que será reforçada em 2020. A Glintt considera que startups e PME podem encontrar na plataforma um conjunto de vantagens, entre elas o acesso “a um ecossistema de empresas onde se incluem cerca de 1.700 farmácias em Portugal e Espanha, hospitais privados, distribuidores farmacêuticos, centros de informação e académicos, entre outros”, especifica o mesmo responsável.

Além disso, o acesso a uma rede de clientes, a possibilidade de estabelecerem parcerias com as principais empresas de tecnologia e serviços na nuvem e de acederem a dados estruturados na área clínica e farmacêutica através de um ‘data lake’ (repositório partilhado que armazena grandes quantidades de dados, em internamento, pré ou pós-operatório), para que enfermeiros, médicos e farmacêuticos tenham acesso à informação completa sobre os medicamentos que uma pessoa toma.

Ou ainda outros como o Game4Life, uma plataforma de gamificação que será pilotada com algumas farmácias portuguesas. Esta pretende melhorar os resultados dos doentes diabéticos, levando o farmacêutico a assumir um papel de ‘coach’ de saúde através do estabelecimento de desafios e metas para controlar melhor a doença.

Para este ano, o Glintt Inov selecionou quatro projetos, que resultaram não só do processo de ideação interno da empresa mas também da realização do seu primeiro hackathon, o Hacking Health - um evento de programação durante 18 horas para resolver problemas concretos no acesso aos cuidados de saúde.

Daí surgiram o Med.GPS (que pretende dar informações sobre os medicamentos que as farmácias têm em stock), o EVA (chatbot de linguagem natural para ser um interface entre utilizadores e tecnologia), o Vigipharma (plataforma mobile interativa para registo, reporte e controlo das reações adversas dos medicamentos) e o Pharma.Quest (chatbot que facilita o controlo das receitas médicas e a interação das pessoas com a farmácia).


Fonte: Expresso