Por Susana Sardinha, Head of Communication and Marketing da Glintt

A comunicação interna precede sempre a comunicação externa. Uso sempre esta frase em qualquer testemunho que me peçam. Não é suficiente para tudo, mas se a primeira estiver a funcionar, a segunda acontece naturalmente. Os nossos colaboradores são os nossos melhores Relações-Públicas. Se estiverem informados e envolvidos nas atividades da empresa, vão ser eles a voz ativa e credível de uma marca.
E é aqui que acredito que o Marketing (MKT) e os Recursos Humanos (RH) são duas faces da mesma moeda. Uma expressão antiga é um facto, mas que espelha uma situação muito atual. Se para mim nunca fez sentido o Marketing e a Comunicação não estarem coordenados com os Recursos Humanos, atualmente (principalmente no mercado das TI) se tal não acontece há, sem dúvida, uma das maiores falhas na estratégia de uma empresa. Não podem estar em silos separados, não é o MKT ou os RH, é o MKT e os RH. Têm de se unir no mesmo caminho, para que as empresas tenham mais possibilidades de cumprir os seus objetivos.
Muitas vezes as organizações focam-se em desenvolver enormes planos de comunicação externa, acabando por descurar a comunicação interna. Mas, embora sempre tenha sido essencial existir este cuidado, atualmente, é ainda mais fundamental, dadas as novas exigências dos colaboradores e a maior importância que estes dão à interação e à proximidade das equipas com as chefias.
Esta atual forma de estar é fruto de uma transformação cultural que as empresas, em conjunto com os seus recursos humanos, têm vindo a desenvolver. Se antes da pandemia já conseguíamos observar um mindset bem diferente de há 10 anos, agora conseguimos observar um Novo Colaborador a emergir. Alguém que foi obrigado a trabalhar em casa durante a pandemia, mais de um ano, e que teve de se adaptar a toda uma nova forma de trabalhar. Onde antes existia incerteza e insegurança face ao futuro da sua profissão, hoje o Novo Colaborador é alguém que não quer voltar a encarar o tão falado “novo normal” e, com isto, regressar ao escritório sete dias por semana. E esta nova forma de estar tem de ser conversada com as chefias.
Onde está então o desafio? Acredito que está em saber gerir uma linha muito ténue, a da vida profissional e privada. E esta linha que divide estes dois universos é cada vez mais fina. Por isso é imprescindível que exista um equilíbrio estratégico e bem definido. Os departamentos de Marketing e Comunicação e de Recursos Humanos são os responsáveis por trabalhar a cultura da empresa, oferecendo um conjunto de normas e diretrizes capazes de gerir este equilíbrio, mantendo todos os intervenientes com uma perceção positiva. É importante que, tanto interna como externamente, haja uma identificação das nossas pessoas aos nossos valores, àquilo que acreditamos e lutamos. É importante que o Marketing e os RH olhem para os seus colaboradores como o seu produto/asset mais valioso, que lhes concedam um empoderamento real, com um acompanhamento contínuo das suas necessidades, crenças atuais e sonhos futuros. E este empoderamento, que podemos chamar-lhe de employer branding, temos de ter em mente que é muito mais do que gerar uma perceção positiva na nossa comunidade, relativamente ao local de trabalho ou aos nossos métodos operacionais em equipa. Deve ser usado para empoderar verdadeiramente o colaborador, para que ele sinta que tem espaço para se desenvolver, para crescer e que possa fazer crescer os outros.
Todos ganham, ganha ele, ganham as equipas e ganha a marca.
Fonte: Líder Magazine