O desafio passa agora por mais profissionais de saúde e utentes abraçarem este futuro, que já começou.

Para Filipa Fixe, Administradora Executiva da Glintt,
é essencial que a
formação em saúde digital
seja oferecida nos cursos e ao
longo da carreira dos profissionais.
A Glintt obteve €1,4 milhões
de lucro nos primeiros seis
meses do ano, um crescimento de 54,9% em relação ao primeiro semestre de
2020. Quais são os principais
fatores a contribuir para esta evolução positiva?
A empresa reforçou a aposta
nos seus valores corporativos,
cresceu nas linhas de oferta e
na qualidade e relevância do
serviço, deu prioridade ao setor da saúde, à inovação tecnológica e aos clientes que operam
nos setores mais críticos da
nossa sociedade, reforçando as
suas competências nas tecnologias emergentes, críticas para a
transformação digital dos modelos de negócio. Reforçou a sua rede de parceiros e continuou
a desenvolver a sua pool de talento, reflexo da aposta contínua nos seus colaboradores.
Consolidou-se uma dinâmica
de inovação e de resposta em
tempo recorde com empenho
e dedicação de todos: Clientes, Parceiros e Recursos Humanos.
A empresa tem apostado na
inovação como fator determinante da sua diferenciação nos mercados onde está
ativa. Quais foram os principais avanços recentes?
Para a Glintt, multinacional
tecnológica com mais de 20
anos de experiência, com provas dadas na área da saúde e da
tecnologia, é fundamental continuar a progredir e a reinventar. Os cuidados de saúde estão a evoluir e nós queremos
fazer parte desta mudança,
mas só o conseguiremos fazer se combinarmos estratégia com tecnologia, inovação
e equipas multidisciplinares,
de modo a proporcionarmos
novas soluções e abordagens
aos nossos clientes e parceiros e, muito importante, em
cocriação com eles.
Assim, em abril de 2020, a
Glintt desenvolveu, juntamente com a Associação
Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH),
e em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma ferramenta
gráfica, a ADAPTT Planning Support Tool, que permite aos especialistas seniores um planeamento de cuidados de saúde e aos decisores políticos de vários países inserirem os seus dados epidemiológicos e variarem
os cenários de mitigação
ao usarem o modelo epidemiológico ilustrativo da ferramenta.
A Glintt lançou, já este ano, a
solução Viewer, em colaboração com profissionais de saúde, que se destina a apoiar a
decisão clínica. Quais são as
vantagens desta ferramenta
para doentes e profissionais
de saúde?
Lançámos o Viewer em junho deste ano. Trata-se de
uma plataforma que pretende oferecer ao setor o foco
de que precisa, disponibilizando uma visão rápida e integrada do utente, investindo
no cuidado, na prevenção da
doença e no bem-estar. A génese do Viewer assenta em
três grandes focos, destinados a facilitar o dia a dia e a
acompanhar o profissional de
saúde: mobilidade, informação certa no momento certo
e apoio à sua atividade diária,
transformando a informação
em conhecimento. A solução acompanha os profissionais de saúde e fornece todas
as informações relevantes ao
longo do percurso clínico do
doente, possibilitando uma
abordagem focada e consolidando a informação crucial para o profissional no momento certo e no local certo.
De que forma a transformação
digital poderá contribuir para
o desenvolvimento de um sistema de saúde mais preventivo, eficaz e abrangente em termos sociais?
O mundo é mais digital, e todos – ou quase todos – trazemos tecnologia no bolso. No
universo da saúde, a realidade é a mesma. A colaboração
entre humanos e as tecnologias digitais já tem efeitos
no nosso dia a dia. O desafio
passa agora por mais profissionais de saúde – e utentes
também – abraçarem este futuro, que já começou.
Basta imaginar a base de
dados de um hospital: um
amontoado de informação
com o histórico clínico de milhares e milhares de doentes. Um sistema de inteligência artificial (IA) seria a solução ideal para processar e
encontrar valor nesses dados. A um nível mais profundo, esta tecnologia analítica
pode ser usada para detetar
padrões normais ou anormais em exames como uma
TAC ou uma radiografia, impercetíveis a olho humano.
É uma autêntica ferramenta
de expansão do cérebro humano. Depois, os resultados:
diagnósticos mais velozes e
precisos, mais tempo para os
profissionais se focarem nos
utentes, melhores cuidados e
mais saúde. Os profissionais
de saúde são essenciais para
o sucesso destes projetos e
não podem estar à margem
disto. É altamente prioritário que a formação em saúde digital seja oferecida nos
cursos e ao longo da carreira dos profissionais. A partir
daí, podemos incentivar os
investigadores e as escolas a
promoverem a translação de
conhecimento para o terreno
e conseguir implementar estes projetos.
A chave está em perceber
como podemos realmente
tirar partido das TIC no contexto da saúde e do bem-estar. É preciso que as organizações olhem para os seus
processos internos e para a
forma de os otimizar, garantindo que a tecnologia lhes
permite desenvolver tarefas
de valor acrescentado. Com
os modelos de financiamento e de regulamentação adequados e com o envolvimento de todos, do cidadão aos
profissionais, estão criadas as
condições para tornar Portugal numa verdadeira montra
digital em saúde. Não se trata
apenas de uma transformação digital, mas sim de uma
transformação cultural e de
capacitação e qualificação
contínua de todo o ecossistema alargado da saúde.
Quais são os principais objetivos dos Prémios HINTT?
Quais foram, por exemplo,
as soluções mais inovadoras apresentadas a concurso este ano?
Os Prémios HINTT são uma
iniciativa que visa reconhecer e divulgar as melhores
práticas de adoção das TIC na
área da saúde. Têm como objetivo melhorar a segurança
do cidadão, apoiar a decisão
clínica e a eficiência global.
A parceria, concretizada este ano com a Agência Nacional de Inovação (ANI), é
um marco extremamente importante, por contribuir
para transformar este evento numa referência no setor nacional da saúde. Para
além dos quatro vencedores
do Prémio HINTT, para o ano
teremos mais uma distinção especial, os BfK Awards, que
poderá ser entregue a qualquer outro finalista ou a um
dos vencedores.
Na categoria de Clinical Outcomes, o vencedor do Prémio
HINTT 2021 foi a solução desenvolvida pela Fraunhofer
AICOS, com o Projeto Derm.AI – Utilização de Inteligência Artificial para Potencializar o Rastreio Teledermatológico. O Projeto Portal de
Agendamento Online para
Vacinação contra a Covid-19, dos Serviços Partilhados do
Ministério da Saúde, venceu
na categoria de Patient Safety. Na categoria Startup Innovation, o projeto adhesiv.Ai – Remote Wound Care, da
BestHealth4U, foi também
o vencedor. Já na categoria
Value Proposition venceu o
CHU de São João, com o projeto Cri.Obesidade.
Os projetos vencedores e os 10 finalistas podem ser vistos no site
dedicado ao evento, aqui.
Fonte: Revista Exame (Meio Físico)